domingo, 25 de agosto de 2013

Integração x Inclusão: Escola (de qualidade) para Todos

Maria Teresa Eglér Mantoan
Universidade Estadual de Campinas - Faculdade de Educação
Departamento de Metodologia de Ensino

Laboratório de Estudos e Pesquisas em Ensino e Diversidade - LEPED/UNICAMP

Sabemos que a situação atual do atendimento às necessidades escolares da criança brasileira é responsável pelos índices assustadores de repetência e evasão no ensino fundamental. Entretanto, no imaginário social, como na cultura escolar, a incompetência de certos alunos - os pobres e os deficientes - para enfrentar as exigências da escolaridade regular é uma crença que aparece na simplicidade das afirmações do senso comum e até mesmo em certos argumentos e interpretações teóricas sobre o tema.
Por outro lado, já se conhece o efeito solicitador do meio escolar regular no desenvolvimento de pessoas com deficiências (Mantoan:1988) e é mesmo um lugar comum afirmar-se que é preciso respeitar os educandos em sua individualidade, para não se condenar uma parte deles ao fracasso e às categorias especiais de ensino. Ainda assim, é ousado para muitos, ou melhor, para a maioria das pessoas, a idéia de que nós, os humanos, somos seres únicos, singulares e que é injusto e inadequado sermos categorizados, a qualquer pretexto!
Todavia, apesar desses e de outros contra-sensos, sabemos que é normal a presença de déficits em nossos comportamentos e em áreas de nossa atuação, pessoal ou grupal, assim como em um ou outro aspecto de nosso desenvolvimento físico, social, cultural, por sermos seres perfectíveis, que constróem, pouco a pouco e, na medida do possível, suas condições de adaptação ao meio. A diversidade no meio social e, especialmente no ambiente escolar, é fator determinante do enriquecimento das trocas, dos intercâmbios intelectuais, sociais e culturais que possam ocorrer entre os sujeitos que neles interagem.
Acreditamos que o aprimoramento da qualidade do ensino regular e a adição de princípios educacionais válidos para todos os alunos, resultarão naturalmente na inclusão escolar dos deficientes. Em consequência, a educação especial adquirirá uma nova significação. Tornar-se-á uma modalidade de ensino destinada não apenas a um grupo exclusivo de alunos, o dos deficientes, mas especializada no aluno e dedicada à pesquisa e ao desenvolvimento de novas maneiras de se ensinar, adequadas à heterogeneidade dos aprendizes e compatível com os ideais democráticos de uma educação para todos.
Nessa perspectiva, os desafios que temos a enfrentar são inúmeros e toda e qualquer investida no sentido de se ministrar um ensino especializado no aluno depende de se ultrapassar as condições atuais de estruturação do ensino escolar para deficientes. Em outras palavras, depende da fusão do ensino regular com o especial.
Ora, fusão não é junção, justaposição, agregação de uma modalidade à outra. Fundir significa incorporar elementos distintos para se criar uma nova estrutura, na qual desaparecem os elementos iniciais, tal qual eles são originariamente. Assim sendo, instalar uma classe especial em uma escola regular nada mais é do que uma justaposição de recursos, assim como o são outros, que se dispõem do mesmo modo.
Outros obstáculos à consecução de um ensino especializado no aluno, implicam a adequação de novos conhecimentos oriundos das investigações atuais em educação e de outras ciências às salas de aula, às intervenções tipicamente escolares, que têm uma vocação institucional específica de sistematizar os conhecimentos acadêmicos, as disciplinas curriculares. De fato, nem sempre os estudos e as comprovações científicas são diretamente aplicáveis à realidade escolar e as implicações pedagógicas que podemos retirar de um novo conhecimento também precisam de ser testadas, para confirmar sua eficácia no domínio do ensino escolar.
O paradigma vigente de atendimento especializado e segregativo é extremamente forte e enraizado no ideário das instituições e na prática dos profissionais que atuam no ensino especial. A indiferenciação entre os significados específicos dos processos de integração e inclusão escolar reforça ainda mais a vigência do paradigma tradicional de serviços e muitos continuam a mantê-lo, embora estejam defendendo a integração!
Ocorre que os dois vocábulos - integração e inclusão - conquanto tenham significados semelhantes, estão sendo empregados para expressar situações de inserção diferentes e têm por detrás posicionamentos divergentes para a consecução de suas metas. A noção de integração tem sido compreendida de diversas maneiras, quando aplicada à escola. Os diversos significados que lhe são atribuídos devem-se ao uso do termo para expressar fins diferentes, sejam eles pedagógicos, sociais, filosóficos e outros. O emprego do vocábulo é encontrado até mesmo para designar alunos agrupados em escolas especiais para deficientes, ou mesmo em classes especiais, grupos de lazer, residências para deficientes. Por tratar-se de um constructo histórico recente, que data dos anos 60, a integração sofreu a influência dos movimentos que caracterizaram e reconsideraram outras idéias, como as de escola, sociedade, educação. O número crescente de estudos referentes à integração escolar e o emprego generalizado do termo têm levado a muita confusão a respeito das idéias que cada caso encerra.
Os movimentos em favor da integração de crianças com deficiência surgiram nos países nórdicos (Nirje, 1969), quando se questionaram as práticas sociais e escolares de segregação, assim como as atitudes sociais em relação às pessoas com deficiência intelectual.
A noção de base em matéria de integração é o princípio de normalização, que não sendo específico da vida escolar, atinge o conjunto de manifestações e atividades humanas e todas as etapas da vida das pessoas, sejam elas afetadas ou não por uma incapacidade, dificuldade ou inadaptação. A normalização visa tornar accessível às pessoas socialmente desvalorizadas condições e modelos de vida análogos aos que são disponíveis de um modo geral ao conjunto de pessoas de um dado meio ou sociedade; implica a adoção de um novo paradigma de entendimento das relações entre as pessoas fazendo-se acompanhar de medidas que objetivam a eliminação de toda e qualquer forma de rotulação.
Modalidades de inserção
Uma das opções de integração escolar denomina-se mainstreaming, ou seja, "corrente principal" e seu sentido é análogo a um canal educativo geral, que em seu fluxo vai carregando todo tipo de aluno com ou sem capacidade ou necessidade específica. O aluno com deficiência mental ou com dificuldades de aprendizagem, pelo conceito referido, deve ter acesso à educação, sua formação sendo adaptada às suas necessidades específicas. Existe um leque de possibilidades e de serviços disponíveis aos alunos, que vai da inserção nas classes regulares ao ensino em escolas especiais. Este processo de integração se traduz por uma estrutura intitulada sistema de cascata, que deve favorecer o "ambiente o menos restritivo possível", dando oportunidade ao aluno, em todas as etapas da integração, transitar no "sistema", da classe regular ao ensino especial. Trata-se de uma concepção de integração parcial, porque a cascata prevê serviços segregados que não ensejam o alcance dos objetivos da normalização.
De fato, os alunos que se encontram em serviços segregados muito raramente se deslocam para os menos segregados e, raramente, às classes regulares. A crítica mais forte ao sistema de cascata e às políticas de integração do tipo mainstreaming afirma que a escola oculta seu fracasso, isolando os alunos e só integrando os que não constituem um desafio à sua competência (Doré et alii.,1996). Nas situações de mainstreaming nem todos os alunos cabem e os elegíveis para a integração são os que foram avaliados por instrumentos e profissionais supostamente objetivos. O sistema se baseia na individualização dos programas instrucionais, os quais devem se adaptar às necessidades de cada um dos alunos, com deficiência ou não.
A outra opção de inserção é a inclusão, que questiona não somente as políticas e a organização da educação especial e regular, mas também o conceito de integração - mainstreaming. A noção de inclusão não é incompatível com a de integração, porém institue a inserção de uma forma mais radical, completa e sistemática. O conceito se refere à vida social e educativa e todos os alunos devem ser incluídos nas escolas regulares e não somente colocados na "corrente principal". O vocábulo integração é abandonado, uma vez que o objetivo é incluir um aluno ou um grupo de alunos que já foram anteriormente excluídos; a meta primordial da inclusão é a de não deixar ninguém no exterior do ensino regular, desde o começo. As escolas inclusivas propõem um modo de se constituir o sistema educacional que considera as necessidades de todos os alunos e que é estruturado em função dessas necessidades. A inclusão causa uma mudança de perspectiva educacional, pois não se limita a ajudar somente os alunos que apresentam dificuldades na escola, mas apoia a todos: professores, alunos, pessoal administrativo, para que obtenham sucesso na corrente educativa geral. O impacto desta concepção é considerável, porque ela supõe a abolição completa dos serviços segregados (Doré et alii. 1996). A metáfora da inclusão é a do caleidoscópio. Esta imagem foi muito bem descrita no que segue: "O caleidoscópio precisa de todos os pedaços que o compõem. Quando se retira pedaços dele, o desenho se torna menos complexo, menos rico. As crianças se desenvolvem, aprendem e evoluem melhor em um ambiente rico e variado" (Forest et Lusthaus, 1987 : 6).
A inclusão propiciou a criação de inúmeras outras maneiras de se realizar a educação de alunos com deficiência mental nos sistemas de ensino regular, como as "escolas heterogêneas" (Falvey et alii., 1989), as "escolas acolhedoras" (Purkey et Novak, 1984), os "currículos centrados na comunidade" (Peterson et alii.,1992).
Resumindo, a integração escolar, cuja metáfora é o sistema de cascata, é uma forma condicional de inserção em que vai depender do aluno, ou seja, do nível de sua capacidade de adaptação às opções do sistema escolar, a sua integração, seja em uma sala regular, uma classe especial, ou mesmo em instituições especializadas. Trata-se de uma alternativa em que tudo se mantém, nada se questiona do esquema em vigor. Já a inclusão institui a inserção de uma forma mais radical, completa e sistemática, uma vez que o objetivo é incluir um aluno ou grupo de alunos que não foram anteriormente excluídos. A meta da inclusão é, desde o início não deixar ninguém fora do sistema escolar, que terá de se adaptar às particularidades de todos os alunos para concretizar a sua metáfora - o caleidoscópio.
Considerações finais
De certo que a inclusão se concilia com uma educação para todos e com um ensino especializado no aluno, mas não se consegue implantar uma opção de inserção tão revolucionária sem enfrentar um desafio ainda maior : o que recai sobre o fator humano. Os recursos físicos e os meios materiais para a efetivação de um processo escolar de qualidade cedem sua prioridade ao desenvolvimento de novas atitudes e formas de interação, na escola, exigindo mudanças no relacionamento pessoal e social e na maneira de se efetivar os processos de ensino e aprendizagem. Nesse contexto, a formação do pessoal envolvido com a educação é de fundamental importância, assim como a assistência às famílias, enfim, uma sustentação aos que estarão diretamente implicados com as mudanças é condição necessária para que estas não sejam impostas, mas imponham-se como resultado de uma consciência cada vez mais evoluída de educação e de desenvolvimento humano.

Referências bibliográficas
BROWN,L. et alii (1983). Enseigner aux élèves gravement handicapés à accomplir des tâches essentielles em millieu de travail hétérogène.Wisconsin: University of Wisconsin e Madison Metropolitan School District.
DORÉ,R., WAGNER,S.,BRUNET,J.P. (1996). Conditions d'intégration à l'école secondaire - Déficience intellectuelle (título provisório). Em preparação.
FALVEY, M.A. e HANEY, M.Partnerships with parents and significant others. Em: Falvey, M.A. Community-basa curriculum. Instructional strategies for students with severe handicaps. Baltimore, MD: Paul H. Brookes Publishing Co. 15-34.
FERGUSSON,D.L. et alii (1992). Figuring out what to do with grownups:how teachers make inclusion "work"for students with disabilities. Em: The Journal of the Association for Persons With Severe Disabilities (JASH), 17 (4), 218-226.
FOREST,M. et LUSTHAUS,E. (1987). Le kaleidoscope: un défi au concept de la classification en cascade. Em:Forest,M.(organizadora) Education-Intégration. Downsview, Ontario: L'Institut A.Roeher. Vol. II.1-16.
MANTOAN,M.T.E. (1988). Compreendendo a deficiência mental: novos caminhos educacionais. São Paulo: Editora Scipione.
NIRJE,B. (1969). The normalization principle and its human management implications. Em: Kugel,R. et Wolfensberger,W. Changing patterns in residential services for the mentally retarded. Washington, Dc: President's Committee on Mental Retardation.
PURKEY,W.W. et NOVAK,J.M. (1984). Inviting school success. A self-concept approach to teaching and learning. Belmont: Wadsworth.
SAINT-LAURENT,L. (1994). L'éducation intégrée à la communauté en déficience intellectuelle. Montréal, Québec: Les Editions Logiques Inc.

A inclusão

A inclusão social orientou a elaboração de políticas e leis na criação de programas e serviços voltados ao atendimento das necessidades especiais de deficientes nos últimos 50 anos. Este parâmetro consiste em criar mecanismos que adaptem os deficientes aos sistemas sociais comuns e, em caso de incapacidade por parte de alguns deles, criar-lhes sistemas especiais em que possa, participar ou "tentar" acompanhar a ritmo dos que não tenham alguma deficiência específica.Tem sido prática comum deliberar e discutir acerca da inclusão de pessoas com algum tipo de deficiência: mencionando direitos inerentes a uma deficiência específica, abrangendo todos os direitos de forma generalizada, embrulhando-os, sem maiores cuidados em mostrar detalhadamente estes.
Assim a sociedade modificará em suas estruturas e serviços oferecidos, abrindo espaços conforme as necessidades de adaptação específicas para cada pessoa com deficiência a serem capazes de interagir naturalmente na sociedade. Todavia, este parâmetro não promove adiscriminação e a segregação na sociedade. A pessoa com deficiênciapassa a ser vista pelo seu potencial, suas habilidades e outras inteligências e aptidões.
Desta forma é proposto o paradigma da inclusão social. Este consiste em tornar toda a sociedade um lugar viável para a convivência entre pessoas de todos os tipos e inteligências na realização de seus direitos, necessidades e potencialidades.
Por este motivo, os inclusivistas (adeptos e defensores do processo de inclusão social) trabalham para mudar a sociedade, a estrutura dos seus sistemas sociais comuns e atitudes em todos os aspectos, tais como educaçãotrabalhosaúdelazer.
Sobretudo, a inclusão social é uma questão de políticas públicas, pois cada política pública foi formulada e basicamente executada pordecretos e leis, assim como em declarações e recomendações de âmbito internacional (como o Tratado de Madrid).

sábado, 24 de agosto de 2013

As Drogas Implicações Espirituais

I - Introdução

Um dos problemas mais graves da sociedade humana, na atualidade, é o consumo indiscriminado, e cada vez mais crescente, das drogas, por parte não só dos adultos, mas também dos jovens e, lamentavelmente, até das crianças, principalmente nos centros urbanos das grandes cidades.
A situação é tão preocupante, que cientistas de várias partes do Planeta, reunidos, chegaram à seguinte conclusão: "Os viciados em drogas de hoje podem não só estar pondo em risco seu próprio corpo e sua mente, mas fazendo uma espécie de roleta genética, ao projetar sombras sobre os seus filhos e netos ainda não nascidos."
Diante de tal flagelo e de suas terríveis conseqüências, não poderia o Espiritismo, Doutrina comprometida com o crescimento integral da criatura humana na sua dimensão espírito-matéria, deixar de se associar àqueles segmentos da sociedade que trabalham pela preservação da vida e dos seus ideais superiores, em seus esforços de erradicação de tão terrível ameaça.
O efeito destruidor das drogas é tão intenso que extrapola os limites do organismo físico da criatura humana, alcançando e comprometendo, substancialmente, o equilíbrio e a própria saúde do seu corpo perispiritual. Tal situação, somada àquelas de natureza fisiológica, psíquica e espiritual, principalmente as relacionadas com as vinculações a entidades desencarnadas em desalinho, respondem, indubitavelmente, pelos sofrimentos, enfermidades e desajustes emocionais e sociais a que vemos submetidos os viciados em drogas.
Em instantes tão preocupantes da caminhada evolutiva do ser humano em nosso planeta, cabe a nós, espíritas, não só difundir as informações antidrogas que nos chegam do plano espiritual benfeitor que nos assiste, mas, acima de tudo, atender aos apelos velados que esses amigos espirituais nos enviam, com seus informes e relatos contrários ao uso indiscriminado das drogas, no sentido de envidarmos esforços mais concentrados e específicos no combate às drogas, quer no seu aspecto preventivo, quer no de assistência aos já atingidos pelo mal.

II - A Ação das Drogas no Perispírito

Revela-nos a ciência médica que a droga, ao penetrar no organismo físico do viciado, atinge o aparelho circulatório, o sangue, o sistema respiratório, o cérebro e as células, principalmente as neuroniais.
Na obra "Missionários da Luz" - André Luiz ( pág. 221 - Edição FEB), lemos: "O corpo perispiritual, que dá forma aos elementos celulares, está fortemente radicado no sangue. O sangue é elemento básico de equilíbrio do corpo perispiritual." Em "Evolução em dois Mundos", o mesmo autor espiritual revela-nos que os neurônios guardam relação íntima com o perispírito.
Comparando as informações dessas obras com as da ciência médica, conclui-se que a agressão das drogas ao sangue e às células neuroniais também refletirá nas regiões correlatas do corpo perispiritual, em forma de lesões e deformações consideráveis que, em alguns casos, podem chegar até a comprometer a própria aparência humana do perispírito. Tal violência concorre até mesmo para o surgimento de um acentuado desequilíbrio do Espírito, uma vez que "o perispírito funciona, em relação a esse, como uma espécie de filtro na dosagem e adaptação das energias espirituais junto ao corpo físico e vice-versa.
Por vezes o consumo das drogas se faz tão excessivo, que as energias, oriundas do perispírito para o corpo físico, são bloqueadas no seu curso e retornam aos centros de força.

III - A Ação dos Espíritos Inferiores Junto ao Viciado

Esta ação pode ser percebida através das alterações no comportamento do viciado, dos danos adicionais ao seu organismo perispiritual, já tão agredido pelas drogas, e das conseqüências futuras e penosas que experimentará quando estiver na condição de espírito desencarnado, vinculado a regiões espirituais inferiores.
Sabemos que, após a desencarnação, o Espírito guarda, por certo tempo, que pode ser longo ou curto, seus condicionamentos, tendências e vícios de encarnado. O Espírito de um viciado em drogas, por exemplo, em face do estado de dependência a que ainda se acha submetido, no outro lado da vida, sente o desejo e a necessidade de consumir a droga. Somente a forma de satisfazer seu desejo é que varia, já que a condição de desencarnado não lhe permite proceder como quando na carne. Como Espírito precisará vincular-se à mente de um viciado, de início, para transmitir-lhe seus anseios de consumo da droga, posteriormente, para saciar sua necessidade, valendo-se para tal do recurso da vampirização das emanações tóxicas impregnadas no perispírito do viciado, ou da inalação dessas mesmas emanações quando a droga estiver sendo consumida.
"O Espírito de um viciado em drogas, em face do estado de dependência a que se acha submetido, no outro lado da vida, sente o desejo e a necessidade de consumir a droga."
Essa sobrecarga mental, indevida, afeta tão seriamente o cérebro, a ponto de ter suas funções alteradas, com conseqüente queda no rendimento físico, intelectual e emocional do viciado. Segundo Emmanuel, "o viciado, ao alimentar o vício dessas entidades que a ele se apegam, para usufruir das mesmas inalações inebriantes, através de um processo de simbiose em níveis vibratórios, coleta em seu prejuízo as impregnações fluídicas maléficas daquelas, tornando-se enfermiço, triste, grosseiro, infeliz, preso à vontade de entidades inferiores, sem o domínio da consciência dos seus verdadeiros desejos".

IV - Contribuição do Centro Espírita no trabalho antidrogas desenvolvido pelos Benfeitores Espirituais

A Casa Espírita, como Pronto-Socorro espiritual, muito pode contribuir com os Espíritos Superiores, no trabalho de prevenção e auxílio às vítimas das drogas nos dois lados da vida.
Com certeza, essa contribuição poderia ocorrer através de medidas que, no dia-a-dia da Instituição, ensejassem:
  1. Um incentivo cada vez mais constante às atividades de evangelização da infância e da juventude, principalmente com sua implantação, caso a Instituição ainda não tenha implantado.
  2. Estimular seus freqüentadores, em particular a família do viciado em tratamento, à prática do Evangelho no Lar. Essas pequenas reuniões, quando realizadas com o devido envolvimento e sinceridade de propósitos, são fontes sublimes de socorro às entidades sofredoras, além, naturalmente, de concorrer para o estreitamento dos laços afetivos familiares, o que decerto estimulará o viciado, por exemplo, a perseverar no seu propósito de libertar-se das drogas ou a dar o primeiro passo nesse sentido.
  3. Preparar devidamente seu corpo mediúnico para o sublime exercício da mediunidade com Jesus, condição essencial ao socorro às vítimas das drogas, até mesmos as desencarnadas.
  4. No diálogo fraterno com o viciado e seus familiares, sejam-lhes colocados à disposição os recursos socorristas do tratamento espiritual: passe, desobsessão, água fluidificada e reforma íntima.
  5. Criar, no trabalho assistencial da Casa, uma atividade que enseje o diálogo, a orientação, o acompanhamento e o esclarecimento, como fundamentação doutrinária, ao viciado e a seus familiares.

V - Conclusão

Diante dos fatos e dos acontecimentos que estão a envolver a criatura humana, enredada no vício das drogas, geradoras de tantas misérias morais, sociais, suicídios e loucuras, nós, espíritas, não podemos deixar de considerar essa realidade, nem tampouco deixar de concorrer para a erradicação desse terrível flagelo que hoje assola a Humanidade. Nesse sentido, urge que intensifiquemos e aprimoremos cada vez mais as ações de ordem preventiva e terapêutica, já em curso em nossas Instituições, e que, também, criemos outros mecanismos de ação mais específicos nesse campo, sempre em sintonia com os ensinamentos do Espiritismo e seu propósito de bem concorrer para a ascensão espiritual da criatura humana às faixas superiores da vida.

(Reformador – Março/98)
(Jornal Mundo Espírita de Abril de 1998)

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

ALCOOLISMO



O alcoolismo é um conjunto de problemas relacionados com o consumo em excesso e prolongado do alcool e das consequências que advem dele.

No alcoolismo encontram-se vários conceitos que nos mostram o tamanho da enormidade do efeito; a dependência,abstinência,abuso e intoxicação por alcool (embriaguez). 
A dependência
Existe ao que se chama, reforço positivo e negativo.

O reforço positivo é o comportamento em busca de prazer,enfim em busca de algo! Quando é agradavel a pessoa busca os mesmos estimulos para manter a continua satisfação.

O reforço negativo é o comportamento para debelar a dor da perda,da carência ou da objecção ao alcool.
È o afago da dor pela dor,na angústia  da perda e na parede que se lhes coloca , dificil de temporizar em valores fisicos e psicologicos.

Depois disso o alcool já não preenche pelo prazer, mas pela ansiedade da abstinência e desequilibrio da sintomatologia, a bebida continua sempre,será mais um acesso de preenchimento, ao vazio deixado.

Existe também o problema do alcoolatra, sempre achar que pode deixar e parar a qualquer momento, porém é o começo do seu engano e principio do infortúnio.

A partir daí começa a auto-estima a ficar enfraquecida e então começa a batalha para lutar contra a doença, que administrou e tomou em seu caminho.

Um dos maiores problemas do vicio é a negação do mesmo. Daí à violência a si mesmo e ao próximo é um instante. As discussões, a falta de dialogo, as irritações aumentam e quem começa a turvar e ser consequência são os viventes do Lar.

O tratamento é complexo porque a própria personalidade se enegre-se pela carência sem par.

Infelizmente mesmo com todas terapias, a taxa de recaída é de 90%, devido à intensa vontade persistente de voltar a consumir .

As mulheres são mais vulneraveis ao alcool.

Os milhões de filhos, que convivem com alcoolatras tem por consequência, tendencia para problemas emocionais e psiquiatricos.Acabam por se vitimizar,transformando-se em seres que não gostam de si mesmos ,e não querem que os outros sejam diferentes. Substimam-se de tal forma, que a mentira e os valores reais da vida para eles , são mera conflitividade. Caiem no roubo e conflito constante ,as Escolas, trabalho,  Familia sofrem por tabela.

O que sobra do alcoolatra é as insónias, alucinações, convulsões, o desgaste,nauseas e os imensos problemas que advém do alcool.

Os seus orgãos são afectados desde o cerebro ao coração.

Nem sabendo tudo isso ,se resolve o problema de própria incúria de beber....veja-se o aumento da violência domestica, da criminalidade , da infertilidade,do divorcio e da queda do amor próprio que está inserido nos nossos jovens viciados...

O Espiritismo é um polo de apoio tremendamente importante para ajudar estes irmãos, porque os valores cristicos e educação ensinados no Evangelho são remedio tranquilizador , para  ajudar estes irmão a eclodir da carapaça e começarem a se amar mais. Tudo isto com acompanhamento do passe e água fluidificada e claro com a presença do próprio em vontade e fé, poderá ser o mote da sua libertação.

Sabemos das obsessões, da vampirização nestes casos, como noutros , porém só o dialogo sincero, e o amor os salvará.

Victor Passos

Junto deixo este texto:

VENENO LIVRE

Pede você que os Espíritos desencarnados se manifestem sobre o álcool, sobre os arrasamentos do álcool.

Muito difícil, entretanto, enfileirar palavras e definir-lhe a influência. Basta lembrar que a cobra, nossa velha conhecida, cujo bote comumente não alcança mais que uma só pessoa, é combatida a vara de ferro, porrete, pedra, armadilha, borralho, água fervente e boca de fogo, vigiada de perto pela gritaria dos meninos, pela cautela das donas de casa e pela defesa do serviço municipal, mas o álcool, que destrói milhares de criaturas, é veneno livre, onde quer que vá, e, em muitos casos, quando se fantasia de champanha ou de uísque, chega a ser convidado de honra, consagrando eventos sociais. Escorrega na goela de ministros com a mesma sem-cerimônia com que desliza na garganta dos malandros encarapitados na rua. Endoidece artistas notáveis, desfibra o caráter de abnegados pais de família, favorece doenças e engrossa a estatística dos manicômios; no entanto, diga isso num banquete de luxo e tudo indica que você, a conselho dos amigos mais generosos, será conduzido ao psiquiatra, se não for parar no hospício.

Ninguém precisa escrever sobre a aguardente, tenha ela o nome de vodca ou suco de cana, rum ou conhaque, de vez que as crônicas vivas, escritas por ela mesma, estão nos próprios consumidores, largados à bebedeira, nos crimes que a imprensa recama de sensacionalismo, nos ataques da violência e nos lares destruídos. E se comentaristas de semelhantes demolições devem ser chamados à mesa redonda da opinião pública, é indispensável sejam trazidos à fala as vítimas de espancamento no recinto doméstico, os homens e as mulheres de vida respeitável que viram a loucura aparecer de chofre no ânimo de familiares queridos, as crianças transidas de horror ante o desvario de tutores inconscientes e, sobretudo, os médicos encanecidos no duro oficio de aliviar os sofrimentos humanos.

Qual! Não acredite que nós, pobres inteligências desencarnadas, possamos grafar com mais vigor os efeitos da calamidade terrível que escorre, de copinho a copinho.

É por isso talvez que as tragédias do alcoolismo são, quase sempre, tratadas a estilete de sarcasmo. E creia você que a ironia vem de longe. Consta do folclore israelita, numa história popular, fartamente anotada cm vários países por diversos autores, que Noé, o patriarca, depois do grande dilúvio, rematava aprestos para lançar à terra ainda molhada a primeira vinha, quando lhe apareceu o Espírito das Trevas, perguntando, insolente:

- Que desejas levantar, agora?

- Uma vinha - respondeu o ancião, sereno.

O sinistro visitante indagou quanto aos frutos esperados da plantação.

- Sim - esclareceu o bondoso velho -, serão frutos doces e capitosos. As criaturas poderão deliciar-se com eles, em qualquer tempo, depois de colhidos. Além disso, fornecerão milagroso caldo que se transformará facilmente em vinho, saboroso elixir capaz de adormecê-las em suaves delírios de felicidade e respouso...

- Exijo sociedade nessa lavoura! - gritou Satanás, arrogante.

Noé, submisso, concordou sem restrições e o Gênio do Mal encarregou-se de regar a terra e adubá-la, para o justo cultivo. Logo após, com a intenção de exaltar a crueldade, o parceiro maligno retirou quatro animais da arca enorme e passou a fazer adubagem e a rega com a saliva do bode, com o sangue do leão, com a gordura do porco e com excremento do macaco.

À vista disso, quantos se entregam ao vício da embriaguez apresentam os trejeitos e os berros sádicos do bode ou a agressividade do leão, quando não caem na estupidez do porco ou na momice dos macacos.

Esta é a lenda; entretanto, nós, meu amigo, integrados no conhecimento da reencarnação, estamos cientes de que o álcool, intoxicando temporariamente o corpo espiritual, arroja a mente humana em primitivos estados vibratórios, detendo-a, de maneira anormal, na condição de qualquer bicho.

Xavier, Francisco Cândido. Ditado pelo Espírito Irmão X. 

* * *
CITAÇÕES

O meu corpo é um jardim, a minha vontade o seu jardineiro
Autor: Shakespeare , William  

A força não provém da capacidade física, mas da vontade férrea
Autor: Gandhi , Mohandas

Não há nada que não se consiga com a força de vontade, a bondade e, principalmente, com o amor
Autor: Cícero , Marcus 

A liberdade não consiste só em seguir a sua própria vontade, mas às vezes também em fugir dela
Autor: Abe, Kobo

Uma vontade, mesmo se é boa, deve ceder a uma melhor
 Autor: Alighieri , Dante

* * *

“A Humanidade carece de gritos de alerta, este é o meu no sentido de cobrir a multidão de irmãos doentes, com este flagelo doloroso.

 Deus os ilumine  e lhes dê força para abrir caminho ao seu amor próprio.”

 Muita paz 

Victor Passos

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

EDUCAR AS CRIANÇAS



A evangelização infanto-juvenil deve ser incentivada, pela importância e enormidade de valores que presta à evolução dos Seres e ao equilíbrio da própria comunidade vivente.

Os Centros Espíritas devem ver esta situação de forma especial, porque se trata nada menos de preparar os tempos para a mudança, pela transformação dos espíritos e para isso, as crianças e jovens são foco a rever-se num futuro e que será no fundo um preparo para as gerações vindouras de espíritos para um plano de regeneração .

Estruturar a profitência de pedagogias de cativação das crianças e jovens, é obrigação e não simples vontade, porque serão eles a nossa retaguarda e daí a termos que refletir em meios que permitam uma sequência dos mesmos pela via da Doutrina Espírita e para isso temos que mudar a postura mental dos adultos, Pais, professores, orientadores, educadores de forma a instituir no seio Familiar essa estrutura.

Jesus difundiu por todo o lado sua mensagem evangelizadora, e de tal forma que ela se faz inata em nós e perante as eras cronológicas seculares, está bem vivo o mesmo reflexo dos seus ensinamentos.

Ora nos Centros Espíritas, Lares, no convívio com os amigos, deve existir  a incumbência de continuar a missão evangelizadora., de formalizar,  cristalizar estrelas que fortaleçam os laços de amor no hoje, pensando no amanhã e revitalizando o futuro. Essa cintilação sublime e generosa passa pela rentabilização de valores educativos e na projeção de responsabilidades de todos educadores como pedra vasilar de mudança de atitudes.

Não podemos hipotecar mais a educação, dos nossos filhos e jovens, temos de ser ativos, disseminando nos seus corações e pensamentos as lições que permitirão a transformação das sociedades terráqueas, para abertura de um novo Mundo.

 As almas estão a tomar o orgulho e egoísmo como bitola e a transformar tudo que os envolve em violência e desamor, mas nenhum de nós está ilibado dessa emergência de atitudes, porque todos mesmo com conhecimento de causa deixamos que outros decidam por nós, quando quem tem que o fazer são os próprios.

Existem ainda Pais, que questionam nos Centros Espíritas, se devem ou não obrigar seus filhos a seguir evangelização, pois muitos deles entendem que os filhos devem ser eles a decidir e isso é um enorme engano, porque eles também não questionam os seus pequenos se devem ir ao médico, ir à escola ou se devem tomar banho ou não!? Eles claro como indivíduos com bom senso fazem-no porque sabem que é para bem deles e que isso lhes proporciona higiene física e comportamental,  mas e a higienização espiritual e moral?!

Os Pais devem levar e incentivar os seus rebentos  à evangelização, ensinar-lhes a orar, a estarem presentes no Evangelho do Lar, sendo assim uma forma de os envolver em energias benéficas  e educativas, como a semente bem adubada, sempre brota bons frutos, se a tratares com amor e responsabilidade dentro dos princípios de cristalização nas horas certas, tornando-os capacitados para a Sociedade, mas também para serem um gérmen generoso e ativo no futuro, digamos que é uma profilaxia obrigatória dos seus progenitores, proporcionar todos os meios que lhes permitam a evolução, para depois não serem creditados e inclusive serem bons espelhos de reflexão para eles, porque só dessa forma crescerão bem estruturados.

Não podemos deixar de lembrar que nossos filhos trazem com eles os comprometimentos do preterito e que este tirocínio desde o ventre, passando pela infância, adolescencia  até ao jovem adulto, é de uma importância enorme.

No Livro O Evangelho segundo o Espiritismo, Cap.XVII, nos textos “O Homem de bem” e “Os bons espiritas”, não estabelecem regras, mas traduzem o seguinte “A Obra educativa do homem,passa por a evangelização,se assim não fosse a missão do Consolador,seria inoperante, tal como um templo sem luz.”

Os programas sublimes de educação da alma,são um labor essencial, porque destilam a oportunidade de mudar mentalidades e por consequência abertura ao amor na sua essência. Jesus nunca se cansava de proliferar os ensinos morais , nunca fugiu dos desafios e nos deixou um manancial de amor infindável, e notem não tinha os meios que detemos hoje.
  
Citações de enorme importância;
  
Carlos Drumond – “A educação visa melhorar a natureza do homem o que nem sempre é aceite pelo interessado”.
  
Aristóteles - “A educação tem raízes amargas, mas os seus frutos são doces”.

Sêneca – “A educação exige os maiores cuidados, porque influi sobre toda a vida”

Pestalozzi- “O Amor é a base do ensino”
   
Retendo todas estas citas claras e lúcidas, verificamos da importância da ação educadora evangelizadora, por isso,ela deve começar no ventre da Mãe, porque as energias que a envolvem pelo bem , serão sempre nuances de luz e ternura para o feto.
  
O espírito nesta fase de infância até ao 8 anos de idade, está mais propenso ao aprendizado e aberto à educação, inclusive as suas capacidades não podem ser vistas pela idade, porque poderemos estar na presença de um espírito adulto, com varias experiências  vivenciais, daí aparecerem por vezes os filhos sobredotados, mas verifiquem os que os bons Espíritos nos dizem acerca disso no O Livro dos Espíritos de Allan Kardec, Cap. VII, “Retorno à Vida Corporal”;

“Item 379. O Espírito que anima o corpo de uma criança é tão desenvolvido quanto o de um adulto?
— Pode mesmo ser mais, se ele mais progrediu, pois são apenas os órgãos imperfeitos que o impedem de se manifestar. Age de acordo com o instrumento de que se serve.

Item 380. Numa criança de tenra idade, o Espírito, fora do obstáculo que a imperfeição dos órgãos opõe à sua livre manifestação, pensa como uma criança ou como um adulto?
— Enquanto criança é natural que os órgãos da inteligência, não estando desenvolvidos, não possam dar-lhe toda a intuição de um adulto; sua inteligência, com efeito, é bastante limitada, até que a idade lhe amadureça a razão. A perturbação que acompanha a encarnação não cessa de súbito com o nascimento e só se dissipa com o desenvolvimento dos órgãos.

Nota de Allan Kardec: Uma observação vem ao apoio desta resposta: é que os sonhos de uma criança não têm o caráter dos sonhos de um adulto; seu objeto é quase sempre pueril, o que é um indício da natureza das preocupações do Espírito.
  
Isto deixa-nos na responsabilidade de dar prioridades nos Centros Espíritas e lembro que temos de educar os adultos para que estes pelos meios que a via tecnológica nos oferecem, movimentar os valores do conhecimento para a tarefa de evangelização, como ela começa educando orientadores, servidores do terreno espírita para estas tarefas e que são de enormissima importância.
  
Relembrando Cap. VII , da Infância L.E. ;

Item 383 - Qual é, para o Espírito, a utilidade de passar pela infância?
— Encarnando-se com o fim de se aperfeiçoar, o Espírito é mais acessível durante esse tempo às impressões que recebe e que podem ajudar o seu adiantamento, para o qual devem contribuir os que estão encarregados da sua educação. (1)

Item 385. Qual o motivo da mudança que se opera no seu caráter a uma certa idade, e particularmente ao sair da adolescência? É o Espírito que se modifica?
— É o Espírito que retoma a sua natureza e se mostra tal qual era.

“Não conheceis o mistério que as crianças ocultam em sua inocência; não sabeis o que elas são, nem o que foram, nem o que serão; e no entanto as amais e acariciais como se fossem uma parte de vós mesmos, de tal maneira que o amor de uma mãe por seus filhos é reputado como o maior amor que um ser possa ter por outros seres. De onde vêm essa doce afeição, essa terna complacência que até mesmo os estranhos experimentam por uma criança? Vós sabeis? Não; e é isso que vou explicar.

As crianças são os seres que Deus envia a novas existências, e para que não possam acusá-lo de demasiada severidade, dá-lhes todas as aparências de inocência. Mesmo numa criança de natureza má, suas faltas são cobertas pela não consciência dos atos. Esta inocência não é uma superioridade real, em relação ao que elas eram antes, não, é apenas a imagem do que elas deveriam ser, e se não o são, é sobre elas somente que recai a culpa.

Mas não é somente por elas que Deus lhe dá esse aspecto, é também e sobretudo por seus pais, cujo amor é necessário à fragilidade infantil. E esse amor seria extraordinariamente enfraquecido pela presença de um caráter impertinente e acerbo, enquanto, supondo os filhos bons e ternos, dão-lhes toda a afeição e os envolvem nos mais delicados cuidados. Mas quando as crianças não mais necessitam dessa proteção, dessa assistência que lhes foi dispensada durante quinze a vinte anos, seu caráter real e individual reaparece em toda a sua nudez: permanecem boas, se eram fundamentalmente boas, mas se irizam sempre de matizes que estavam ocultos na primeira infância.

Vedes que os caminhos de Deus são sempre os melhores, e que, quando se tem o coração puro, é fácil conceber-se a explicação a respeito.

Com efeito, ponderai que o Espírito da criança que nasce entre vós pode vir de um mundo em que tenha adquirido hábitos inteiramente diferentes; como quereríeis que permanecesse no vosso meio esse novo ser, que traz paixões tão diversas das que possuís, inclinações e gostos inteiramente opostos aos vossos; como quereríeis que se incorporasse no vosso ambiente, senão como Deus quis, ou seja, depois de haver passado pela preparação da infância? Nesta vêm confundir-se todos os pensamentos, todos os caracteres, todas as variedades de seres engendrados por essa multidão de mundos em que se desenvolvem as criaturas. E vós mesmos, ao morrer, estareis numa espécie de infância, no meio de novos irmãos, e na vossa nova existência não terrena ignorareis os hábitos, os costumes, as formas de relação desse mundo, novo para vós, manejareis com dificuldade uma língua que não estais habituados a falar, língua mais vivaz do que o é atualmente o vosso pensamento. (Ver o item 319).

A infância tem ainda outra utilidade: os Espíritos não ingressam na vida corpórea senão para se aperfeiçoarem, para se melhorarem; a debilidade dos primeiros anos os torna flexíveis, acessíveis aos conselhos da experiência e daqueles que devem fazê-los progredir. É então que se pode reformar o seu caráter e reprimir as suas más tendências. Esse é o dever que Deus confiou aos pais, missão sagrada pela qual terão de responder.

É assim que a infância é não somente útil, necessária, indispensável, mas ainda a conseqüência natural das leis que Deus estabeleceu e que regem o Universo”.

Item 319. Desde que o Espírito já viveu a vida espírita antes da sua encarnação, de onde vem o seu espanto, ao reentrar no mundo dos Espíritos?
— Esse é apenas o efeito do primeiro momento e da perturbação que se segue ao despertar. Mais tarde ele reconhece perfeitamente o seu estado, à medida que lhe volta a lembrança do passado e que se desfaz a impressão da vida terrestre.

Na realidade o espirito é moldavel até determinada fase da vida no corpo fisico, geralmente no periodo da infância, porque após esse espaço de abertura, ele vai ao encontro do espirito de si mesmo, ou seja passa a ser ele pela adolescência, e a exemplo disso temos as mudanças que se começam a sentir nas suas decisões, como começar a a ter suas opções, daí a ser oportuno dedicar-lhes um maior tempo no periodo de sensibilidade à educação e isso passa pela infãncia.
  
A evangelização infanto-juvenil, é de extrema importância, os Pais tem que começar a perceber isso, porque a forma de moldarmos a Humanidade para o bem e preprarmos o futuro, é pegar nas redeas educativas e desenvolver nas crianças o halito do amor pelo amor, na justiça e igualdade de direitos, de forma a fazermos a reforma intima e revigorar o conhece-te a ti mesmo, para alimentar o Universo de luz e esperança, na condução de valores de Amor e respeito duns pelos outros.

Os espiritos nos dizem, no sentido da evolução, moral,espiritual e inteletual, que o meio de destruirmos, a ignorância, o orgulho e egoismo, espada que dizima as almas e as leva à dor, é educando. Vejamos o sentido dessas palavras; Cap. XII – Perfeição Moral, Egoísmo.

 Item - 917. Qual é o meio de se destruir o egoísmo?
— “De todas as imperfeições humanas a mais difícil de desenraizar, é o egoísmo, porque se liga à influência da matéria, da qual o homem, ainda muito próximo da sua origem, não pode libertar-se. Tudo concorre para entreter essa influência; suas leis, sua organização social, sua educaçãoO egoísmo se enfraquecerá com a predominância da vida moral sobre a vida material, e sobretudo com a compreensão que o Espiritismo vos dá quanto ao vosso estado futuro real e não desfigurado pelas ficções alegóricas. O Espiritismo bem compreendido, quando estiver identificado com os costumes e as crenças, transformará os hábitos, as usanças e as relações sociais. O egoísmo se funda na importância da personalidade; ora, o Espiritismo bem compreendido, repito-o, faz ver as coisas de tão alto que o sentimento da personalidade desaparece de alguma forma perante a imensidade. Ao destruir essa importância, ou pelo menos ao fazer ver a personalidade naquilo que de fato ela é, combate necessariamente o egoísmo.

É o contato que o homem experimenta do egoísmo dos outros que o torna geralmente egoísta, porque sente a necessidade de se pôr na defensiva. Vendo que os outros pensam em si mesmos e não nele é levado a se ocupar de si mesmo mais que dos outros. Que o princípio da caridade e da fraternidade seja a base das instituições sociais, das relações legais de povo para povo e de homem para homem, e este pensará menos em si mesmo quando vir que os outros o fazem; sofrerá assim a influência moralizadora do exemplo e do contato. Em face do atual desdobramento do egoísmo é necessária uma verdadeira virtude para abdicar da própria personalidade em proveito dos outros que em geral não o reconhecem. É a esses, sobretudo, que possuem essa virtude, que está aberto o reino dos céus; a eles sobretudo está reservada a felicidade dos eleitos, pois em verdade vos digo que no dia do juízo quem quer que não tenha pensado senão em si mesmo será posto de lado e sofrerá no abandono”.
  
Já verificamos como é importante a evangelização infanto-juvenil, mas existem irmãos que se queixam de ser difícil levar a Codificação Espírita às crianças, aos jovens e mais adultos!

Sei que muitos companheiros de Filosofia condenam as Artes no seio espírita, e isso é puro engano, porque a Arte, tal como André Luiz diz;” A Arte deve ser o belo a criar o bom”, e isto diz muito, a musica, o teatro, pintura , escultura, são formas de eleição para uma pedagogia a nível infantil, a cativação pelas historias , pela ação da troca de efeitos pelo sorriso nas ações, permitem enormes ganhos com a pequenada, ou não fossem eles a alegria dos lares, e claro seguidos de exemplo dentro dos mesmos, será mais fácil, levar até eles a felicidade de se sentirem úteis, a exemplo, levá-los a uma ação de caridade, sensibilização para o meio ambiente, para os doentes, enfim  dar valor aos que o envolvem, retirando-lhes preconceitos,melindres e fazendo deles Seres com um amanhã mais limpo das mazelas, que estão destruindo o planeta e a vida feliz, mesmo que relativamente.

“Educar hoje , é preparar o amanhã, para restituir um futuro,melhor” cravo

Bibliografia;

O Livro dos Espíritos de Allan Kardec
Livro O Evangelho segundo Espiritismo de Allan Kardec
Citador.pt

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