sábado, 5 de outubro de 2013

Tratamento espiritual aplicado a deficientes mentais demonstra eficácia

A prática espiritual, quando empregada em conjunto com padrões médicos convencionais, pode ser um tratamento eficaz para a deficiência mental. É o que concluiu o médico Frederico Leão em sua dissertação de mestrado defendida no Instituto de Psiquiatria (IPq), da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). O pesquisador analisou os casos de 650 pacientes internados nas Casas André Luiz, onde trabalha como psiquiatra, e verificou que aqueles que foram submetidos a determinadas sessões espirituais obtiveram melhoras significativas.
O médico utilizou a metodologia científica (estatística e escala psiquiátrica de avaliação) para analisar o efeito das chamadas "sessões mediúnicas". Segundo a crença espírita, o médium é capaz de incorporar a mente do deficiente mental e intermediar a comunicação entre o paciente e o grupo presente no encontro.
Num primeiro momento, Leão avaliou o estado de saúde dos pacientes que compuseram sua amostra e, seis meses depois, fez novas avaliações. "Embora todos os pacientes tenham obtido melhoras, o grupo dos vinte que participaram das sessões mediúnicas (que se comunicaram pelo médium) teve avanços ainda mais significativos do que aqueles que receberam outros tipos de tratamento espiritual", informa o pesquisador.
A maior parte dos pacientes observados sofrem de deficiências "graves e profundas", como define Leão. Há muitos casos de paralisia cerebral e cerca de metade deles é acamada. As idades variam de 4 a 50 anos, e a maioria são adultos jovens.
Critérios
Como método de avaliação dos pacientes, o pesquisador utilizou a Escala de Observação de Pacientes Psiquiátricos Internados (EOPPI), que considera fatores como desempenho motor, comunicação verbal, dificuldade em se realizar tarefas cotidianas e a ocorrência de sintomas de delírio. "Estatisticamente, os vinte participantes das sessões mediúnicas obtiveram melhoras consideráveis, que estão fora do campo do acaso", conta Leão.
Como os pacientes não sabiam de sua participação nessas sessões, aponta o pesquisador, deve ser excluído o efeito placebo (efeito psicológico de melhora ocasionado pelo simples conhecimento de que se está recebendo um determinado tratamento). Era preciso observar a incorporação do médium e somente então identificar o paciente que supostamente se expressava. Os que acreditam nessa possibilidade de comunicação apostam que, ao falar de suas angústias e problemas, os pacientes obtêm benefícios psicoterápicos.
Hipóteses e objetivos
Para explicar os efeitos do tratamento espiritual, Leão levanta a hipótese de que as melhoras correspondem às práticas da instituição, embora ela não explique a maior eficiência terapêutica das sessões mediúnicas. O fato de os funcionários, devido à sua formação religiosa, tratarem os pacientes com maior atenção e humanismo, por exemplo, pode ser um dos fatores que auxiliam no tratamento. Reforça essa hipótese a constatação de que todos os pacientes submetidos a qualquer prática espiritual tiveram melhoras em seu quadro clínico quando comparados àqueles que receberam apenas o tratamento convencional.
O médico destaca que o principal objetivo de seu trabalho é incentivar novos estudos na área. "A expectativa é estimular análises mais detalhadas, que considerem um período maior de observação e trabalhem também com instituições não-religiosas", afirma.
Frederico Leão

SUICIDIO

O SUICIDA É, ANTES DE TUDO, UM SOLITÁRIO. DESCOBRIR UM MEIO DE CHEGARMOS À CRIATURA SOLITÁRIA PODE SER UM ÚTIL E BENÉVOLO EXERCíCIO DE CARIDADE EM FAVOR DO PRÓXIMO

Falar sobre os suicidas nos dá o ensejo de pensarmos no trabalho de renovação espiritual que está ao alcance e na obrigação de todos nós.
Acredito que todos devemos ajudar ao próximo, principalmente quando vemos nosso irmão se aproximar de uma situação desgastante, desigual e potencialmente suicida. É nossa obrigação! Embora não devamos ser inconvenientes, nem por isso devemos deixar de falar todas as vezes que vejamos a dor do próximo.
O suicida é, antes de tudo, um solitário. Descobrir um meio de chegarmos à criatura solitária pode ser um útil e benévolo exercício de caridade em favor do próximo. Utilizemos os recursos ao alcance de nossas mãos para auxiliar o suicida ou ao potencialmente suicida, pois isto será uma boa atitude e, certamente, nossos guias espirituais nos ajudarão. Quanto ao suicídio propriamente dito, lutemos contra todas as formas de depressão, fuga e falta de fé.
O suicida deve ser considerado como um corajoso ou um covarde? Por quê?
Altivo Pamphiro - Todos os espíritos de bem informam que o suicida é, antes de tudo, um egoísta, que pensa somente em suas dores, ignorando as dores que irá causar em seus entes queridos. Não se pode generalizar e chamá-los de corajosos ou covardes, porque, na realidade, antes de tudo, eles estão preocupados com suas próprias idéias. Há, entretanto, os casos de loucura, nos quais o suicida, em um estado de demência, não pode avaliar o crime que está cometendo. É atribuído ao espírito Emmanuel a informação de que Getúlio Vargas, ex-presidente do Brasil, ao se matar, não foi considerado como um suicida, uma vez que evitou uma guerra civil com sua morte. Desse modo, vemos que a Lei de Deu prevê considerações que nem sempre estão ao nosso alcance.
Quais os fatores espirituais que podem levar uma pessoa a desejar não mais viver?
Altivo Pamphiro - Principalmente a sociedade. O espírito, quando não tem mais motivo para lutar, pode se desesperar e entrar em uma depressão que o leva a pensar no suicídio. Há cerca de dez anos, na Suécia, houve uma pesquisa entre médicos e paramédicos sobre se algum deles teve o desejo de se suicidar algum dia. A informação, impressionante aliás, foi de que todos os médicos e paramédicos que habitualmente se dirigiam para os países pobres, oferecendo seus serviços durante as férias, jamais pensavam em suicídio. Vê-se que o trabalho é realmente um grande antídoto para a atitude suicida.
Para onde vão realmente os espíritos dos suicidas? Há alguma regra geral para quem comete este ato ou os motivos que o levaram a cometê-lo podem amenizar essa pena, se assim podemos chamar?
Altivo Pamphiro - A médium Yvonne Pereira, em seu portentoso livro Memórias de um Suicida, fala do "Vale dos Suicidas". Entretanto, temos notícia de outros suicidas que não foram para o referido vale porque não constituíam um perigo para os encarnados. Segundo a médium, vão para o "Vale dos Suicidas" aqueles espíritos capazes de influenciar os encarnados. Eles, então, são segregados para não terem como influir nos homens.
Em média, quanto tempo o espírito de um suicida fica vagando pelas regiões umbralinas?
Altivo Pamphiro - Não há previsão para esse tempo. Dizem os espíritos condutores que o espírito fica vagando enquanto não consegue harmonizar sua mente e entender o apoio que está sendo dado a ele. Portanto, isso varia de espírito para espírito.
Será que todos nós, em alguns instantes, não somos suicidas, se assim podemos definir tal nomenclatura, quando estamos em algum estado "negativo", como chateados, deprimidos, aflitos, inseguros, envergonhaados, irados etc., e agimos contra a lei?
Altivo Pamphiro- Digamos que o suicida é aquele que, além de não conseguir superar esses estados mórbidos, procura fugir das realidades do mundo em que vive. Podemos também, como você está falando, ser considerados como suicidas potenciais todas as vezes que entramos nesse estado de morbidez psíquica. De alguma forma, somos suicidas quando desgastamos desnecessariamente o corpo ou desistimos de viver.
Quando algumas religiões levam seus seguidores a suicídios coletivos, quem possuirá maior dosagem de culpa? Se alguém for obrigado a se matar, como ter que se jogar de um lugar, por exemplo, ele é culpado?
Altivo Pamphiro - Quando os seguidores de uma religião se suicidam, eles não têm culpa pelo ato, mas sim por terem se deixado envolver pelas ordens absurdas que lhes foram dadas. A culpa do suicídio propriamente dito caberá aos seus diretores, que os induziram. Quanto aos que são obrigados a se matar, estes não se suicidam, são assassinados.
Mas ao afirmar que seguidores de determinadas religiões ou seitas, quando se suicidam, não têm culpa, não se está tirando deles o livre-arbítrio em detrimento da fé cega?
Altivo Pamphiro - Quando pessoas abdicam de pensar e se deixam conduzir pela determinação de outros, eles realmente estão errados, mas devemos levar em conta aqueles que não são capazes de discernir. Nesse caso, o livre-arbítrio deles está realmente prejudicado.
Grandes personagens bíblicos possuiam tanto amor pelo povo que colocaram sua própria vida à disposição em troca da libertação dos outros. Esse sentimento "suicida" é antes uma virtude e não um erro, certo? Como disse Martin Luther King, "aquele que não possui uma causa pela qual se disponha a morrer por ela, este não merece a vida que possui". Qual a sua opinião sobre esse tipo de "intenção suicida"?
Altivo Pamphiro - Nenhum desses grandes líderes, na verdade, tinha essa "intenção suicida". Eles tinham a coragem da fé, que poderia chegar até o fato de saberem que correriam risco de vida todas as vezes que falassem suas verdades. Os líderes religiosos enfrentam principalmente a desordem moral e aqueles que se comprazem nela. Luther King enfrentou toda uma classe social em defesa dos negros. Estes homens, poderosos em si mesmos, sabiam que agrediriam ao status gente e, com toda certeza, a sociedade agredida responderia com sua linguagem de violência. Tenho certeza de que estes homens, ao enfrentarem esta sociedade, sabiam que a resposta que elas dariam seria a violência. Por isso digo que, na verdade, eles tinham a coragem da fé.
Se uma pessoa bebe e é atropelada ou bate o carro, ela cometeu um suicídio? Quanto ao suicídio lento por desgaste desnecessário do próprio corpo, há diferenças entre os que o fazem com álcool, drogas, fumo, comidas excessivamente gordurosas ou mesmo com um simples refrigerante?
Altivo Pamphiro - O fato das pessoas ignorarem que o álcool e o tabaco podem levar à morte não as eximem do sofrimento oriundo desses agentes químicos. O suicídio, nesse caso, seria indireto, mas nem por isso deixa de ser um desgaste desnecessário e inoportuno, que cedo ou tarde causará um sofrimento para os que abusarem assim de seu corpo. Tudo na vida depende da intenção. Se você também usa o excesso de gordura pensando que isso não lhe fará mal, você estará menos comprometido, mas nem por isso deixará de sofrer os efeitos de seus atos. Quanto ao que sofre um desastre e morre em conseqüência da bebida ou do tóxico, ele sofrerá por ver que cortou o fio de sua vida antes da hora. Não será um suicida clássico, mas sim um suicida indireto, que certamente terá de dar contas deste seu ato.
E no caso de pessoas que participam de esportes perigosos e acabam por desencarnar, como foi o caso de Ayrton Senna, seria suicídio? Que culpa tem quem participa de esportes como alpinismo, paraquedismo, automobilismo etc.?
Altivo Pamphiro - Os espíritos que têm conhecimennto das limitações a que estão sujeitos e, mesmo assim, obrigam seu corpo a participar dessas atividades são chamados de suicidas em potencial. Quando ocorre a desencarnação de um deles, o espírito será punido pelo fato de conscientemente agir contra a segurança de seu corpo.
Que tipo de culpa teria alguém que se matasse por não ter seu amor correspondido? E aquela que não lhe correspondia?
Altivo Pamphiro - Quem se mata por amor, segundo a médium Yvonne Pereira, tem em seu benefício o sentimento com que agiu. Não foi uma fuga propriamente dita, mas sim uma falta de resistência moral. A pessoa que não correspondeu ao amor nada tem a ver com a morte do outro se não estimulou um amor que jamais seria correspondido. Muitos suicídios poderiam ser evitados se tivéssemos o evangelho do Cristo mais presente nas famílias
Diante dos problemas de nossa sociedade contemporânea, o que dizer especificamente a respeito de suicídio para os jovens usuários de drogas?
Altivo Pamphiro - Estes antecipam suas partidas para o mundo dos espíritos e as informações que se recebe acerca do estado deles são as mais tristes possíveis. Na verdade, são suicidas.
Hoje em dia, ter relações sexuais sem o uso de preservativos pode ser considerado como atitude potencialmente suicida?
Altivo Pamphiro - Pode sim, caso se busque um parceiro ou parceira e você veja nele apenas o prazer, sem se dar conta dos prejuízos que podem acarretar tal relação.
Pode se fazer alguma coisa para auxiliar os suicidas ou a eles não se pode ajudar de forma alguma? Haverá alguma esperança para os espíritos suicidas e seus familiares?

Altivo Pamphiro - Sabemos que a prece é de grande auxílio para os suicidas, pois quando oramos por alguém, usamos nossa boa vontade, nosso sentimento de compreensão para com o próximo. Todas as vezes que pensarmos com tranqüilidade em favor de uma pessoa, estaremos sugerindo que alguém pensa nela com carinho, com estímulo e boa vontade. Outra forma de auxiliar é vibrar para que ela se encontre, sugerindo pensamentos de estímulo e de paz. 

Altivo Pamphiro - Revista Cristã de Espiritismo