domingo, 22 de setembro de 2013

UM MINUTO ATRÁS

População mundial

7.180.731.507
População mundial atual
 
100.691.407
Nascimentos este anoinfo
151.156
Nascimentos hojeinfo
41.546.483
Mortes este ano 
62.369
Mortes hoje 
59.144.924
Crescimento populacional este ano 
 
Governo e Economia
4.058.992.727
Despesas Governamentais com Saúde hoje
3.612.162.239
Despesas Governamentais com Educação hoje
1.899.154.716
Despesas Governamentais com Forças Armadas hoje
49.060.937
Carros produzidos este ano 
101.139.076
Bicicletas produzidas este ano 
255.370.401
Computadores vendidos este ano 
 
Sociedade e Mídia
1.785.036
Títulos de livros publicados este ano 
200.816.589
Jornais em circulação hoje 
259.667
Aparelhos de TV vendidos hoje 
1.954.984
Celulares vendidos hoje 
70.793.334
Dinheiro gasto em videogames hoje 
2.709.411.675
Usuários de Internet no Mundo 
71.630.417.324
Emails enviados hoje 
1.279.513
Mensagens de blogs escritas hoje 
201.516.695
Tweets enviados hoje 
1.568.746.688
Buscas no Google hoje 
 
Meio Ambiente
3.766.363
Perda de florestas este ano (hectares) 
5.070.544
Erosão de terra fértil este ano (ha) 
24.815.637.878
Emissões de CO2 este ano (toneladas) 
8.690.729
Desertificação este ano (hectares) 
7.091.909
Substâncias tóxicas liberadas no meio-ambiente este ano (toneladas) 
 
Alimentação
897.647.871
Pessoas desnutridas no mundo 
1.580.311.968
Pessoas com sobrepeso no mundo 
526.770.656
Pessoas obesas no mundo 
12.158
Pessoas que morreram de fome hoje 
189.197.481
Gastos com doenças relacionadas à obesidade nos EUA hoje 
75.157.825
Gastos com programas de perda de peso nos EUA Hoje 
 
Água
3.590.493
Água consumida este ano (bilhões de litros) 
1.304.180
Mortes por Doenças Relacionadas à Água Este Ano 
768.076.201
Pessoas sem acesso a água potável 
 
Energia
155.733.048
Energia usada no mundo hoje (MWh), da qual: 
126.143.083
- De fontes não-renováveis (MWh) 
29.589.965
- De fontes renováveis (MWh) 
1.162.747.135.109
Energia solar atingindo a Terra hoje (MWh) 
33.327.284
Petróleo extraído hoje (barris) 
1.233.342.763.151
Petróleo restante (barris)info
14.683
Dias para o fim do petróleo 
1.142.065.234.458
Gás restante (boe)info
60.109
Dias para o fim do gás 
4.387.081.448.990
Carvão restante (boe) 
151.279
Dias para o fim do carvão 
 
Saúde
9.401.062
Mortes causadas por doenças transmissíveis este ano 
5.504.509
Mortes de crianças menores de 5 anos 
30.423.263
Abortos este ano 
248.959
Mortes de mães durante o parto este ano 
35.666.756
Pessoas infectadas com HIV/AIDS 
1.217.388
Mortes causadas por HIV/AIDS este ano 
5.947.611
Mortes causadas por câncer este ano 
710.333
Mortes causadas por malária este ano 
6.017.906.262
Cigarros fumados hoje 
3.620.186
Mortes causadas pelo fumo este ano 
1.811.235
Mortes causadas por álcool este ano 
776.570
Suicídios este ano 
289.706.204.481
Gasto mundial em drogas ilegais este ano 
977.564
Mortes em acidentes de trânsito este ano 

sábado, 21 de setembro de 2013

300 mil pessoas a passar fome em Portugal

Há pelo menos 300 mil pessoas a passar fome em Portugal

Muitas famílias não conseguem garantir uma alimentação adequada, embora não seja fácil chegar a números. Até porque a "cara da pobreza está a mudar", dizem as instituições.
Trezentos mil. Ou melhor, pelo menos 300 mil. É este o número de portugueses que ainda passam fome. O número que "nos envergonha a todos", segundo o Presidente da República. Cavaco Silva lançou o alerta a propósito da iniciativa "Direito à Alimentação", que quer distribuir as sobras dos restaurantes por 4500 instituições de solidariedade e assim matar a fome às famílias carenciadas.
"Relativamente à fome faltam dados e temos de nos limitar ao que dizem as instituições que apoiam as famílias cadenciadas, nomeadamente o Banco Alimentar, que apontava para 280 mil pessoas há uns meses, antes da crise", explica o investigador Alfredo Bruto da Costa. Um número que entretanto chegou aos 300 mil ao longo deste ano.
"Pelo que temos ouvido, pelos apelos de instituições de apoio social, é possível que este número esteja a crescer", acrescenta o especialista que tem estudado a pobreza em Portugal desde os anos 80. E mesmo assim é difícil incluir neste número a "pobreza envergonhada" que não procura ajuda. A crise pode mesmo inverter a tendência de diminuição da pobreza que Portugal registou nas últimas décadas, alerta Alfredo Bruto da Costa. "Em 2008, antes de sermos atingidos pela crise, tínhamos 18% de pobres. Depois disso não sabemos o que aconteceu", conclui.

Três instituições que da rua tiram a ideia de que a vida está mais complicada são a Legião da Boa Vontade, a Comunidade Vida e Paz (CVP) e a AMI. "Já não são só os sem-abrigo a procurar carrinhas de distribuição de comida", diz Heloísa Teixeira, da Legião. "A cara da pobreza mudou", reforça Elisabete Cardoso, da CVP. Já a AMI, nos primeiros seis meses deste ano ajudou tantas pessoas como em 2005. "Recebemos pedidos de ajuda de pessoas sem dinheiro para comer, para medicamentos, renda, água ou uma botija de gás para cozinhar", diz Ana Martins.
Foi por chegarem cada vez mais pessoas a pedir comida aos restaurantes que a Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) avançou para a iniciativa "Direito à Alimentação", diz o secretário-geral José Manuel Esteves. "Eram nossos clientes na semana passada e esta semana entram de mão estendida", explica. A AHRESP espera que a rede que está a montar para recolher donativos dos cerca de 25 mil associados e entregá-los às pessoas com fome possa entrar em funcionamento já em Janeiro - abrangendo 4500 instituições de solidariedade espalhadas pelo País. E foi no lançamento desta rede que o Presidente da República disse que nos "envergonha a todos saber que há portugueses com fome". Uma frase que já lhe valeu críticas da esquerda (ver caixa).
Edmundo Martinho, presidente do Instituto da Segurança Social, reconhece que há muitas famílias que não conseguem "assegurar um regime alimentar adequado", mas lembra que há me- canismos para as ajudar.
Apesar de considerar "louvável" qualquer iniciativa para ajudar pessoas em dificuldades, o responsável alerta que "o Portugal do século XXI não deve entusiasmar--se com soluções deste tipo, mas sim discutir as causas e encontrar soluções estruturais para resolver os problemas das famílias com carências alimentares".
Patricia de Jesus , diario Noticias Portugal

Fome e Miséria





O maior problema do mundo é a fome. A fome está presente em todas as nações, desenvolvidas e subdesenvolvidas, este flagelo é o que mais contribui para as guerras, catástrofes naturais, má distribuição de renda, violência e destruição do meio ambiente. A fome é uma agressão e diminui o tempo de vida de quem padece, atua sobre a estrutura mental e conduta do ser humano, é uma questão de saúde publica, junto com o saneamento básico, a vigilância sanitária e a habitação.

Dos efeitos destruidores da fome, o mais freqüente, é o fenômeno da fome parcial, ou fome oculta, na qual pela falta permanente de determinados elementos nutritivos em seus regimes habituais, grupos inteiros morrem lentamente de fome, apesar de comerem todos os dias.

A questão da fome, não está ligada somente à falta de alimento, envolve também a degradação do meio ambiente e a falta de paz. Estas questões mostram-se de forma mais crítica nos bairros mais distante do centro, pois estes não dispõem de infra-estrutura, nem saneamento básico. Os esgotos e o lixo mancham e degradam o meio ambiente, e trazem vários transtornos, principalmente doenças. A degradação do meio ambiente é uma questão que interessa a toda a humanidade, pois abrange aspectos biológicos, filosóficos, econômicos e culturais.
fome

O mundo produz alimentos suficientes para nutrir os 6 bilhões de seres humanos espalhados pelo globo. São produzidos diariamente cerca de 3 quilos de alimentos por pessoa: 2 kg de grãos, meio quilo de carnes e ovos e meio quilo de frutas e vegetais. Portanto, não é carência de alimentos a causa da fome que assola as 790 milhões de pessoas famintas, mas sim a pobreza, desigualdade e a falta de acesso aos alimentos. Este problema crônico de desnutrição, em especial em países como o Brasil, que não sofre de guerras e seca generalizadas, tem sua origem em um sistema produtivo que eventualmente poderá comprometer a sustentabilidade do uso de recursos naturais pela população humana em expansão.

Uma das origens dos problemas ambientais e sociais, decorrentes do sistema ocidental de produção, está na prioridade do lucro e comercialização acima do uso adequado e justo dos recursos. Medidas de otimização da produtividade, transporte e qualidade de alimentos (que são obviamente vinculadas à preservação ambiental, condição básica para sustentabilidade agrícola) só são tomadas se derem retorno imediato aos investidores. Embora seja uma responsabilidade de governos, a destinação e melhoria do uso de recursos alimentares está em mãos mercantilistas, que lucram mais com perdas pouco onerosas a curto prazo, a despeito das conseqüências atuais ou futuras que estas tenham. Não existe a preocupação em saber por quanto tempo os recursos naturais serão suficientes para manter uma população nesses números. 

A população não se estabilizará no atual patamar. Apesar da diminuição da taxa de fertilidade em vários países, inclusive no Brasil, estimativas prudentes indicam um patamar de 9 bilhões de pessoas para 2025. Enfim, embora devamos, em algum momento, nos preocupar com a capacidade da biosfera de manter uma população crescente, repetimos que o nosso problema ético imediato é o de resolver o problema da fome.

No Brasil, 10% de nossa população atual, cerca de 18 milhões, ainda são de famintos. O uso adequado de recursos naturais permitiria uma existência pelo menos decente da população que virá, ao contrário do atual sistema de acúmulo de riquezas, que consome muito mais recursos do que todas estas 18 milhões de bocas miseráveis consumiriam se bem alimentadas.

pobreza


miséria
A miséria é muito grande no mundo e, acompanhada da fome também é um dos maiores problemas a serem resolvidos. No Brasil, cerca de 2,34 milhões de pessoas moram em condições degradantes nas cidades. Essa é a população que vive em habitações improvisadas feitas de plástico, papelão e lata, embaixo de pontes ou em carros abandonados. Mais 9,5 milhões vivem amontoados em 3,3 milhões de unidades habitacionais com duas ou mais famílias, muitas vezes em condições semelhantes às de uma cela de presídio com superlotação. Este é o retrato das condições de moradia do brasileiro, segundo estudo feito pelo Banco Mundial com diversas outras instituições.

Segundo a pesquisa, 339.300 brasileiros correm risco de vida sob o teto em que vivem, morando em 117 mil habitações com mais de 30 anos, que estão condenadas pelas autoridades, em péssimo estado de conservação.

São mais de 12 milhões em 4,2 milhões de unidades habitacionais urbanas consideradas impróprias. É como se praticamente toda a população da Bahia morasse em casas inadequadas. Dos 37,3 milhões de unidades habitacionais urbanas, 14,5%, ou 5,4 milhões, não oferecem condições mínimas de dignidade a seus moradores.

Pode-se observar, atualmente, a coincidência entre o agravamento da carência habitacional e o reaparecimento de epidemias de doenças há muito erradicadas do país. Esta associação é um retrocesso, levando-nos de volta a meados do século 19, quando se deduziu que a insalubridade de certas moradias era foco de epidemias.

84% dos problemas de moradia estão presentes em famílias com rendimentos inferiores a três salários-mínimos. Quando a renda sobe para a faixa de três a cinco salários-mínimos, o percentual dessas famílias na crise de moradia é de 8,4%, enquanto a renda entre cinco a dez salários-mínimos representa apenas 5,4%. Conclui-se que 97,8% dos problemas de habitação afetam famílias que ganham menos de dez salários-mínimos.

A maior carência de moradia está na Região Sudeste, que concentra 2,25 milhões de moradias consideradas inadequadas. Em segundo lugar está a Região Nordeste, com 1,72 milhão de unidades consideradas impróprias. Em seguida, aparecem a Região Sul, com 589.100 unidades, a Região Centro-Oeste, com 488.400 e a Região Norte, com 411.600. Quando são computados os problemas habitacionais também nas áreas rurais, a crise é mais presente no Nordeste e em segundo lugar no Sudeste.

Hoje, a crise habitacional é visível de qualquer ponto em que se esteja nas cidades. Aí estão, em número cada vez maior, os moradores de rua e os cortiços, os loteamentos clandestinos e as favelas, invadindo inclusive áreas de risco e de preservação ambiental.

Nas áreas urbanas do Estado do Rio existem 505 mil habitações precárias, onde moram sem um padrão de dignidade 1,46 milhão de pessoas. Desse total, 77.720 pessoas vivem em condições subumanas. Elas moram em 26.800 moradias consideradas improvisadas, feitas de papelão, de lata ou de restos de caixotes, sob pontes ou dentro de carros e barcos abandonados. Em outras 338.200 unidades, cômodos cedidos ou alugados e cortiços, existe mais de uma família morando juntas, numa população calculada em 980.780 pessoas. Já 91.350 moradores do Estado do Rio estão em 31.500 unidades em péssimo estado de conservação e que deveriam ser demolidas.

No Brasil, outro fator que contribui para o agravamento da miséria e da fome é concentração de terra nas mãos de pequena parcela da população, evidentemente a mais abastada. O grau de concentração de terra no Brasil é um dos maiores do mundo. Menos de 50 mil propriedades rurais possuem áreas superiores a mil hectares e controlam 50% das terras cadastradas. Cerca de 1% dos proprietários rurais detêm em torno de 46% de todas as terras. Dos aproximadamente 400 milhões de hectares reconhecidos como propriedade privada, apenas 60 milhões são utilizados para lavoura. As terras restantes estão ociosas, sub-utilizadas, ou destinam-se à pecuária. Existem cerca de 5 milhões de famílias de trabalhadores rurais "sem terra", que vivem em condições de arrendatários, meeiros, posseiros, ou com propriedades de menos de 5 hectares. A concentração de terras tem aumentado muito nos últimos anos, aumentando o número dos grandes fazendeiros.

Existem cerca de 25 milhões de trabalhadores no meio rural, e deles somente 5 milhões são classificados como assalariados rurais. Cerca de 65% desses assalariados não possuem carteira assinada e apenas 40% possuem trabalho o ano todo. Muitos desses trabalhadores chegam a trabalhar até 14 horas por dia. Nesse contexto, mulheres e crianças são as mais vulneráveis. A maioria das mulheres realiza dupla jornada, dedicando-se a trabalhar a terra e às tarefas domésticas. Cerca de 4 milhões de crianças trabalham no meio rural e somente 29% delas recebem remuneração. Entre as crianças de 5 a 9 anos, somente 7% recebem remuneração e um grande número não têm acesso à educação.
morador de rua


trabalho infantil

Nas últimas décadas, a renda média de todos os agricultores diminuiu 49%. Enquanto as melhores terras destinam-se à monocultura de cultivos para a exportação, como café, cana, algodão, soja e laranja, 32 milhões de pessoas passam fome no País e outros 65 milhões alimentam-se de forma precária. Desses 32 milhões que passam fome, metade vive no meio rural. Isso explica a migração para as cidades, que aumentou visivelmente nos últimos 30 anos. Hoje, mais de 77% da população brasileira vive nas cidades, o que contribui consideravelmente para o agravamento dos problemas ambientais urbanos.

A miséria no mundo
Segundo a ONU, apenas 1% das pessoas mais abastadas do planeta detém 40% da riqueza global, enquanto 2% concentram mais da metade de toda essa riqueza.

Na outra ponta, a metade mais pobre da população mundial só é dona de 1% de toda essa riqueza. Além de a renda global estar distribuída de forma desigual, a distribuição da riqueza é ainda mais distorcida. Pode-se comparar o quadro a uma situação hipotética em que, de um grupo de dez pessoas, uma teria US$ 99 e as demais, apenas US$ 1.

Se pensarmos que a renda vem sendo distribuída de forma desigual, a riqueza está distribuída de forma ainda mais desigual. Em 2000, um casal precisava de um patrimônio de US$ 1 milhão para estar entre os 1% mais ricos do mundo - um grupo que reúne 37 milhões de pessoas. Essa riqueza está muito concentrada na América do Norte, Europa e nas nações mais desenvolvidas da Ásia e Pacífico.

Só a população dessas regiões concentra 90% do total da riqueza. A América do Norte, apesar de reunir 6% da população adulta do planeta, concentra 34% de toda a riqueza.

Por outro lado, a participação na riqueza mundial dos habitantes da África, China, Índia e de outros países com menos investimentos da Ásia é consideravelmente menor, quando comparada com o tamanho da população.

alagados

alimento
O caminho das pedras


O tempo urge e a pobreza é uma calamidade do planeta e ninguém decide. A fome passa ao nosso lado com olhos arregalados estendendo a mão. Nossa consciência é sempre tranquila, pois a fome é dos outros e não é a nossa.

Eliminar a pobreza e a fome e proteger o meio ambiente são coisas inseparáveis. É imprescindível melhorar a distribuição de renda no mundo, principalmente nos países em desenvolvimento e aplicar parte dessa riqueza acumulada em programas que busquem ajudar os países a integrar o gerenciamento ambiental à redução da pobreza e às políticas de crescimento econômico.

Tais programas devem ajudar os países a aproveitarem oMDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo do Protocolo de Kyoto), que permite que países desenvolvidos que não cumprirem suas metas de redução de poluentes invistam em projetos ecológicos de países em desenvolvimento dentre outras ações voltadas para a melhoria da educação, capacitação profissional, desenvolvimento de tecnologias limpas, saneamento básico e desenvolvimento da agricultura.

No Brasil, temos recursos e tecnologia para vencer a fome. Falta-nos o espírito solidário para renunciar a privilégios e libertar-nos do vírus do egoísmo. Falta-nos, ainda, decisão política. Temos capacidade de produzir alimento bastante para o consumo interno e para a exportação. A combinação das redes pública e particular de armazéns é capaz de atingir toda a população, em qualquer parte do Brasil.

Apesar disso, existe gente passando fome porque a renda familiar não permite comprar a comida que o mercado oferece. As raízes da fome estão, especialmente, na distribuição iníqua da renda e das riquezas, que se concentram nas mãos de poucos, deixando na pobreza, enormes contingentes populacionais nas periferias urbanas e nas áreas rurais.

A dignidade do ser humano decorre, também, o princípio ético da solidariedade, princípio esse que não pode ser confundido com certas práticas de assistência que humilham quem recebe. É preciso aprender a lição de ética que dá o povo da rua quando reparte o pouco que tem, para que todos sobrevivam. Essa ética particular, com mais razão, interpela a sociedade a repartir a abundância para que todos vivam humanamente, hoje e no futuro. Da afirmação da dignidade humana decorre também a exigência da simplicidade. Precisamos abdicar do sonho consumista, ilusoriamente inculcado pela propaganda e implementar uma globalização solidária, a partir de um estilo de vida sustentável.

Garantir o alimento para todos, superando a miséria e a fome, exige de cada um de nós o engajamento pessoal. Mais do que isto, supõe a experiência pessoal do humilde e corajoso processo de gestação de uma nova sociedade, que atenda aos direitos e às necessidades básicas da população: educação, saúde, reforma agrária, política agrícola, demarcação das terras indígenas e das terras remanescentes dos quilombos, distribuição de renda, reforma fiscal e tributária, moradia. Exige também que desenvolvamos novas relações de trabalho e de gestão da empresa, criando uma economia de comunhão comprometida com a solidariedade e atenta às exigências da sustentabilidade.

A fome e a miséria põem em julgamento aqueles que desperdiçam, que deveriam distribuir, ajudar e não o fazem.

sábado, 14 de setembro de 2013

E A QUEM MELHOR DESPERTAR, SENÃO ÀS CRIANÇAS?




Os evangelhos de Jesus, que chegaram até nós através dos relatos escrito dos seus discípulos e da tradição apostólica, constituem uma síntese das conquistas espirituais da Humanidade em toda a sua evolução, até o momento histórico do advento do monoteísmo como uma realidade social. Mas a essa síntese temos de acrescentar a visão profética de Jesus, que a partir das conquistas já realizadas abriu novas perspectivas para o futuro humano. Seus ensinos não se limitam a uma repetição do passado. Como em todos os processos históricos, culturais e espirituais, as novas gerações reelaboram a experiência passada, segundo a tese pedagógica de John Dewey. Jesus procedeu essa reelaboração num plano superior, o da consciência iluminada pela visão espiritual.
Se juntarmos à tese de Dewey e de Arnold Toynbee sobre as religiões, o seu papel no processo histórico, vemos que as reelaborações coletivas, sempre dirigidas por um mestre ou líder — no caso um buda, um ,messias, um cristo, palavras que se equivalem — se concretizam em novas mundividências, como a do Budismo em relação ao Bramanismo antigo, a de Confúcio em relação ao Taoísmo, a do Cristianismo em relação ao Judaísmo. Essas mundividências (concepções gerais do mundo e da vida) englobam as conquistas válidas do passado e as visões proféticas do futuro. Ernst Cassirer, em seu ensaio sobre a tragédia da cultura, ou seja, o aspecto trágico do desenvolvimento cultural da Humanidade, lembra que as experiências do passado se concretizam ou se condensam nas obras de uma civilização e podem ser depois despertadas por civilizações futuras, como no caso do Renascimento, onde vemos a cultura grecoromana renascer de suas próprias cinzas, ao impacto da cultura nascente da Europa, nos fins da Idade Média.
A cultura humana — que abrange todas as áreas do Conhecimento e, portanto, também a religiosa — é um imenso esforço coletivo de gerações e épocas, de civilizações e culturas encadeadas e solidárias através do tempo. Sua transmissão se efetua pela educação, mas a educação não é um simples fio transmissor ou objeto passivo, e sim uma espécie de caldeirão em que fervem as ideias, semelhante ao caldeirão medieval de que falou Wilhelm Dilthey em O HOMEM E O MUNDO. E nesse caldeirão que temos de ser inevitavelmente mergulhados, desde que nascemos e até mesmo antes do nascimento, para sermos devidamente cozidos à moda do século. Se formos deixados fora dele não recebemos os ingredientes da cultura e nem os estímulos necessários ao despertar das nossas forças latentes, na linha das
experiências adquiridas. Sem o processo da educação, o ato de amor de Kerchensteiner e Hubert, não despertaremos para a nova orientação que devemos seguir na nova encarnação, na nova experiência existencial. Sem o impacto da educação a cultura do passado não renascerá em nós o seu novo desenvolvimento.
Dessa maneira, negar às crianças o direito à educação cristã, através da evangelização, seria sonegarlhes
o quinhão que lhes cabe na herança cultural. As pesquisas sobre a educação primitiva, básica para a compreensão de toda a problemática educacional, mostram de sobejo que mesmo nas tribos selvagens a
iniciação nos costumes, nos rituais, nas crenças e nas tradições da nação se processam com regularidade, dentro de uma sistemática apropriada. Porque o direito de escolha, de opção, no exercício do livrearbítrio
individual, pressupõe inevitavelmente o direito de aquisição dos elementos necessários ao julgamento. A
educação não é um ato de imposição, de violação de consciência, mas um ato de doação. O educador oferece ao educando os elementos de que ele necessita paraintegrar-se no meio cultural e poder experimentar por si mesmo os valores vigentes, rejeitando-os, aceitando-os ou reformulando-os
mais tarde, quando amadurecer para isso. Já dizia o Eclesiastes: Deus fez tempo para tudo. E o povo repete: Tudo tem o seu tempo.

Herculano Pires- Livro Pedagogia Espirita

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

O SANTUÁRIO SUBLIME


Noutro tempo, as nações admiravam como maravilhas o Colosso de Rodes, os Jardins
Suspensos da Babilônia, o Túmulo de Mausolo, e, hoje, não há quem fuja ao assombro,
diante das obras surpreendentes da engenharia moderna, quais sejam a Catedral de
Milão, a Torre Eiffel ou os arranha-céus de Nova Iorque.
Raros estudiosos, no entanto, se recordam dos prodígios do corpo humano, realização
paciente da Sabedoria Divina, nos milênios, templo da alma, em temporário aprendizado
na Terra.
Por mais se nos agigante a inteligência, até agora não conseguimos explicar, em toda a
sua harmoniosa complexidade, o milagre do cérebro, com o coeficiente de bilhões de
células; o aparelho elétrico do sistema nervoso, com os gânglios à maneira de
interruptores e células sensíveis por receptores em circuito especializado, com os
neurônios sensitivos, motores e intermediários, que ajudam a graduar as impressões
necessárias ao progresso da mente encarnada, dando passagem à corrente nervosa,
com a velocidade aproximada de setenta metros por segundo; a câmara ocular, onde as
imagens viajam, da retina para os recônditos do cérebro, em cuja intimidade se
incorporam às telas da memória, como patrimônio inalienável do espírito; o parque da
audição, com os seus complicados recursos para o registro dos sons e para fixação deles
nos recessos da alma, que seleciona ruídos e palavras, definindo-os e catalogando-os na
situação e no conceito que lhes são próprios; o centro da fala; a sede miraculosa do
gosto, nas papilas da língua, com um potencial de corpúsculos gustativos que ultrapassa
o número de 2.000; as admiráveis revelações do esqueleto ósseo; as fibras musculares; o
aparelho digestivo; o tubo intestinal; o motor do coração; a fábrica de sucos do fígado; o
vaso de fermentos do pâncreas; o caprichoso sistema sangüíneo, com os seus milhões
de vidas microscópicas e com as suas artérias vigorosas, que suportam a pressão de
várias atmosferas; o avançado laboratório dos pulmões; o precioso serviço de seleção
dos rins; a epiderme com os seus segredos dificilmente abordáveis; os órgãos veneráveis
da atividade genésica e os fulcros elétricos e magnéticos das glândulas no sistema
endocrínico.
No corpo humano, temos na Terra o mais sublime dos santuários e uma das
supermaravilhas da Obra Divina.
Da cabeça aos pés, sentimos a glória do Supremo Idealizador que, pouco a pouco, no
curso incessante dos milênios, organizou para o espírito em crescimento o domicílio de
carne em que alma se manifesta. Maravilhosa cidade estruturada com vidas
microscópicas quase imensuráveis, por meio dela a mente se desenvolve e purifica,
ensaiando-se nas lutas naturais e nos serviços regulares do mundo, para altos encargos
nos círculos superiores.
A bênção de um corpo, ainda que mutilado ou disforme, na Terra, é como preciosa
oportunidade de aperfeiçoamento espiritual, o maior de todos os dons que o nosso
Planeta pode oferecer.
Até agora, de modo geral, o homem não tem sabido colaborar na preservação e na
sublimação do castelo físico. Enquanto jovem, estraga-lhe as possibilidades, de fora para
dentro, desperdiçando-as impensadamente, e, tão logo se vê prejudicado por si mesmo
ou prematuramente envelhecido, confia-se à rebelião, destruindo-o de dentro para fora, a
golpes mentais de revolta injustificável e desespero inútil.
Dia surge, porém, no qual o homem reconhece a grandeza do templo vivo em que se
demora no mundo e suplica o retorno a ele, como trabalhador faminto de renovação, que
necessita de adequado instrumento à conquista do abençoado salário do progresso moral
para a suspirada ascensão às Esferas Divinas.

Francisco Xavier- Roteiro