quarta-feira, 11 de setembro de 2013

O SANTUÁRIO SUBLIME


Noutro tempo, as nações admiravam como maravilhas o Colosso de Rodes, os Jardins
Suspensos da Babilônia, o Túmulo de Mausolo, e, hoje, não há quem fuja ao assombro,
diante das obras surpreendentes da engenharia moderna, quais sejam a Catedral de
Milão, a Torre Eiffel ou os arranha-céus de Nova Iorque.
Raros estudiosos, no entanto, se recordam dos prodígios do corpo humano, realização
paciente da Sabedoria Divina, nos milênios, templo da alma, em temporário aprendizado
na Terra.
Por mais se nos agigante a inteligência, até agora não conseguimos explicar, em toda a
sua harmoniosa complexidade, o milagre do cérebro, com o coeficiente de bilhões de
células; o aparelho elétrico do sistema nervoso, com os gânglios à maneira de
interruptores e células sensíveis por receptores em circuito especializado, com os
neurônios sensitivos, motores e intermediários, que ajudam a graduar as impressões
necessárias ao progresso da mente encarnada, dando passagem à corrente nervosa,
com a velocidade aproximada de setenta metros por segundo; a câmara ocular, onde as
imagens viajam, da retina para os recônditos do cérebro, em cuja intimidade se
incorporam às telas da memória, como patrimônio inalienável do espírito; o parque da
audição, com os seus complicados recursos para o registro dos sons e para fixação deles
nos recessos da alma, que seleciona ruídos e palavras, definindo-os e catalogando-os na
situação e no conceito que lhes são próprios; o centro da fala; a sede miraculosa do
gosto, nas papilas da língua, com um potencial de corpúsculos gustativos que ultrapassa
o número de 2.000; as admiráveis revelações do esqueleto ósseo; as fibras musculares; o
aparelho digestivo; o tubo intestinal; o motor do coração; a fábrica de sucos do fígado; o
vaso de fermentos do pâncreas; o caprichoso sistema sangüíneo, com os seus milhões
de vidas microscópicas e com as suas artérias vigorosas, que suportam a pressão de
várias atmosferas; o avançado laboratório dos pulmões; o precioso serviço de seleção
dos rins; a epiderme com os seus segredos dificilmente abordáveis; os órgãos veneráveis
da atividade genésica e os fulcros elétricos e magnéticos das glândulas no sistema
endocrínico.
No corpo humano, temos na Terra o mais sublime dos santuários e uma das
supermaravilhas da Obra Divina.
Da cabeça aos pés, sentimos a glória do Supremo Idealizador que, pouco a pouco, no
curso incessante dos milênios, organizou para o espírito em crescimento o domicílio de
carne em que alma se manifesta. Maravilhosa cidade estruturada com vidas
microscópicas quase imensuráveis, por meio dela a mente se desenvolve e purifica,
ensaiando-se nas lutas naturais e nos serviços regulares do mundo, para altos encargos
nos círculos superiores.
A bênção de um corpo, ainda que mutilado ou disforme, na Terra, é como preciosa
oportunidade de aperfeiçoamento espiritual, o maior de todos os dons que o nosso
Planeta pode oferecer.
Até agora, de modo geral, o homem não tem sabido colaborar na preservação e na
sublimação do castelo físico. Enquanto jovem, estraga-lhe as possibilidades, de fora para
dentro, desperdiçando-as impensadamente, e, tão logo se vê prejudicado por si mesmo
ou prematuramente envelhecido, confia-se à rebelião, destruindo-o de dentro para fora, a
golpes mentais de revolta injustificável e desespero inútil.
Dia surge, porém, no qual o homem reconhece a grandeza do templo vivo em que se
demora no mundo e suplica o retorno a ele, como trabalhador faminto de renovação, que
necessita de adequado instrumento à conquista do abençoado salário do progresso moral
para a suspirada ascensão às Esferas Divinas.

Francisco Xavier- Roteiro

Sem comentários:

Enviar um comentário